Quando falamos de felicidade na vida moderna, podemos estar nos referindo à sensação que sentimos depois da primeira lambida em um delicioso sorvete de casquinha ou ao passar uma tarde com bons amigos. Essa maneira de pensar a felicidade como prazer sugere que se trata de um estado subjetivo, emocional, suscetível à experiência momento a momento que estamos tendo.
Embora se sentir bem faça parte da felicidade, algumas escolas antigas de pensamento definiam a felicidade de forma mais ampla. Em particular, Aristóteles acreditava que o objetivo final da vida humana era um conceito dos antigos gregos chamado eudaimonia. A palavra é frequentemente traduzida como "felicidade", mas é mais provável que signifique "florescimento humano" ou "uma vida boa". Em vez de uma emoção ou humor temporário, a eudaimonia é melhor avaliada perguntando-se: "Por que quero ser lembrado quando minha vida acabar?"
A receita de Aristóteles para viver uma vida boa era exercer a virtude: ser gentil, humilde, sábio e honesto em nossas ações, de forma consistente. Ser uma boa pessoa, em outras palavras, é a receita para uma vida feliz.
Virtudes Universais
A psicologia moderna abraçou a noção de Aristóteles com o desenvolvimento de uma lista abrangente de virtudes e pontos fortes de caráter. Os psicólogos Christopher Peterson e Martin Seligman avaliaram os valores das culturas ao longo da história humana e identificaram as 24 virtudes ou forças de caráter mais universais. Esses pontos fortes representam o que a maioria das pessoas classificaria como bom caráter, incluindo esperança, gratidão, justiça e amor.
A pesquisa agora apóia a teoria de que desenvolver e usar essas forças de caráter leva ao aumento da felicidade. Para colocar a sabedoria ancestral da eudaimonia a seu favor, considere as virtudes que Aristóteles incentivou seus alunos a desenvolverem em si mesmos.
Paciência
O desejo de gratificação instantânea pode facilmente transformar um pequeno aborrecimento em raiva. Ter paciência significa controlar seu temperamento de acordo com a situação. Se você se surpreender batendo o pé e olhando o relógio esperando na fila de um café, primeiro avalie se sua raiva está ajudando ou não a situação. Se não, deixe pra lá.
Se sua impaciência é dirigida diretamente a outra pessoa, esforce-se para desenvolver empatia e coloque-se no lugar dela. Se alguém o interrompe no trânsito, por exemplo, considere o que pode estar acontecendo com ele e quais são suas intenções.
Coragem
Embora a paciência seja uma virtude, paciência em excesso pode levá-lo a ser um fracasso. Ter coragem, principalmente diante da injustiça, também é virtuoso. Coragem não é ausência de medo, mas sim um equilíbrio apropriado de medo e confiança.
Você tende a ser excessivamente confiante ou temeroso? Se você se inclina com muita frequência para o medo, encontre oportunidades para se desafiar, como ter uma conversa difícil ou dizer sim quando for convidado a fazer algo que o intimide.
Por outro lado, se você tende a ser excessivamente confiante, tome cuidado para não aceitar desafios muito grandes. Tenha cuidado para evitar conflitos com outras pessoas porque você não reconhece seus pontos fortes ou perspectivas. Mas, assim como alguém que está com medo, você se beneficia por aprender coisas novas - e por valorizar o esforço que você coloca nelas, ao invés do resultado.
Temperança
Lembra daquele segundo pedaço de torta que você estava pegando na noite passada? Você realmente precisava disso? Temperança é moderação. Sem dúvida, devemos comer uma fatia de torta e saboreá-la. Mas muito de qualquer coisa boa corrói a felicidade, especialmente quando a culpa e a auto-aversão se instalam.
Duas maneiras de exercer a autocontenção
- Quando você escolhe ter prazer em algo, permita-se estar totalmente presente e aproveitá-lo.
- Estabeleça limites apropriados para você e cumpra-os. Tenha um plano com antecedência e saiba que você aumentará sua felicidade mais ao seguir seu limite do que quebrá-lo.
Amizade
Na opinião de Aristóteles, a amizade era uma das maiores virtudes. Ele reconheceu que muitas vezes as amizades existem por razões puramente práticas. Mas a verdadeira amizade tem a ver com a conexão entre duas pessoas que se admiram e se encorajam a atingir seu pleno potencial.
Essas amizades são raras. Estas não são as centenas de conexões que você tem no Facebook ou LinkedIn. Essas são as pessoas para as quais você liga no meio da noite quando precisa de alguém para ajudá-lo. Investir e nutrir esses relacionamentos é fundamental para apoiar nossa própria felicidade. Identifique quem são essas pessoas em sua vida e diga a elas o quanto você as aprecia. Essas conversas são uma felicidade em que todos ganham.