É surpreendentemente comum que as vítimas de violência doméstica decidam renunciar ao seu testemunho e não prosseguir com as acusações contra um parceiro íntimo. Em alguns estados, leis foram aprovadas exigindo a prisão obrigatória e o julgamento dos casos, quer a vítima coopere ou não.
Se você ou um ente querido for vítima de violência doméstica, entre em contato com o National Domestic Violence Hotline em 1-800-799-7233 para assistência confidencial de advogados treinados.
Para obter mais recursos de saúde mental, consulte nosso National Helpline Database.
Se uma vítima de violência doméstica se recusa a testemunhar, ou se retrata e testemunha que o incidente não aconteceu, fica mais difícil obter uma condenação. Em vez disso, o agressor é libertado da prisão, evita consequências e o ciclo de violência fica livre para se repetir.
Aqui estão algumas das razões pelas quais uma vítima de violência doméstica pode retratar sua história.
Ameaças de Mais Violência
Defensores e conselheiros que trabalham com pessoas que sofreram violência doméstica costumavam acreditar que as vítimas se retratavam de suas histórias porque tinham medo de mais violência. A ideia era que as vítimas mudaram de ideia sobre as acusações porque os perpetradores as ameaçaram.
No entanto, pesquisas recentes revelaram que não são ameaças que os agressores usam para convencer suas vítimas a mudar suas histórias; em vez disso, é um apelo emocional sofisticado que normalmente progride por cinco estágios distintos projetados para minimizar suas ações e ganhar a simpatia da vítima.
O Processo de Retratação
Por razões de segurança, muitas prisões e centros de detenção registram conversas de chamadas telefônicas feitas por presidiários. Os participantes sabem que sua conversa está sendo gravada porque um anúncio é feito no início da chamada.
Ao estudar muitas horas de conversas gravadas entre presidiários que enfrentam acusações criminais de violência doméstica e suas vítimas mulheres que mais tarde decidiram se retratar, os pesquisadores foram capazes de obter informações sobre o processo de retratação.
As cinco etapas da retratação
Os pesquisadores identificaram um processo de retratação em cinco etapas. Começa com as vítimas se defendendo com força e termina com elas se unindo ao perpetrador e planejando como mudarão seu testemunho.
Os cinco estágios de retratação são tão previsíveis quanto o ciclo de violência que se repete em um relacionamento fisicamente abusivo.
Etapa 1: Forte e resolvido
As primeiras conversas telefônicas são frequentemente discussões acaloradas sobre os eventos que levaram aos atos de violência. Nessas ligações iniciais, a vítima é forte e resiste ao relato do perpetrador sobre os eventos.
Na primeira ou na segunda ligação, as vítimas quase sempre estão decididas a ver o agressor processado por suas ações. À medida que as ligações continuam, essa resolução começa a se desgastar.
Etapa 2: Minimizando o Abuso
Em ligações posteriores, o perpetrador tenta convencer a vítima de que o incidente não foi tão grave. Mais importante, é durante esta fase que o agressor tenta ganhar a simpatia da vítima, colocando-se como vítima (por exemplo, sofrer na prisão, sentir falta da família, etc.)
Este é um ponto crítico no processo, quando a vítima real começa a ver o perpetrador como uma vítima. Depois que a vítima começa a acalmar e confortar o agressor, as próximas três etapas do processo tendem a ocorrer de forma relativamente rápida.
Etapa 3: "Eles não nos entendem."
Assim que o agressor ganha a simpatia da vítima, o casal começa a se relacionar com o amor um pelo outro. O casal se une na luta contra um mundo que "não entende" sua relação.
Etapa 4: mentir por mim
Agora que são eles contra o sistema, o estado ou uma sociedade indiferente, o agressor simplesmente pedirá à vítima que se retrate de suas acusações. Depois que a vítima concorda, eles passam para o último estágio.
Etapa 5: Desenvolvendo o Plano
Quando a vítima concorda em mudar sua história, o casal trabalha junto para desenvolver (e corroborar) suas histórias.
A preparação pode ser a chave
Amy Bonomi, professora associada de desenvolvimento humano e ciências da família na Ohio State University, conduziu uma análise inédita de conversas reais entre abusadores e suas vítimas.
Bonomi acredita que as descobertas darão aos defensores e conselheiros um novo modelo de como trabalhar com vítimas de violência praticada pelo parceiro íntimo.
Especificamente, se as vítimas forem preparadas com antecedência de que seus agressores provavelmente usarão recursos de solidariedade e técnicas de minimização, as vítimas podem ser menos propensas a cair no estratagema e mais aptas a prosseguir com a acusação.
Bonomi conclui que, sem essa ajuda, pode ser difícil para algumas vítimas se desvencilharem de relacionamentos violentos.